Sal a menos também pode ser prejudicial.
“Quanto menos, melhor” pode não ser a receita mais indicada para o consumo de sal. Para quem tem pressão arterial normal, um consumo demasiado baixo pode aumentar o risco de contração de doenças cardiovasculares.
Helmut Schatz, da Sociedade Alemã de Endocrinologia, aprofundou, em entrevista à medica-tradefair.com, a relação entre a ingestão de sódio e a pressão arterial.
Os iões de sódio provocam a aglutinação da água, aumentando o volume do sangue. Quanto mais sal se ingerir, mais iões vão parar à corrente sanguínea, que retém a água na circulação. Quando o fluido chega ao sistema cardiovascular, a pressão aumenta.
Um estudo liderado pelo cientista canadiano Andrew Mente comparou o consumo diário de sal e os acontecimentos de natureza cardiovascular numa meta-análise que combinou quatro grandes estudos. Foram estudadas 135 mil pessoas de 49 países, tendo sido analisada a excreção de sódio pela urina, já que este aspeto pode servir de base para avaliar a absorção de sal. O estudo distinguiu entre pessoas com elevada pressão arterial (cerca de 64 mil) e sem pressão elevada (69 mil).
Verificou-se que, se o consumo diário de sódio excedia os quatro a cinco gramas, o risco de doença cardiovascular aumentava para pessoas com elevada pressão arterial, como seria de esperar. No entanto, foi possível perceber que um consumo diário inferior a 3 gramas também poderia estar ligado a um maior risco de doenças cardiovasculares em pessoas com pressão elevada e com pressão normal.
Schatz realçou que o estudo foi alvo de críticas por suposta falta de rigor, relacionada com o facto de se terem juntado pessoas de várias regiões e grupos étnicos, e também por se ter analisado o efeito do sal isoladamente, sem ter em conta, por exemplo, o efeito da insulina.
Perante estes resultados, Schatz aconselha um consumo razoável de sal a pessoas saudáveis e uma redução do consumo a pessoas com elevada pressão arterial e insuficiência cardíaca.