Portugal reconhecido pela implementação de políticas de nutrição.

Portugal reconhecido pela implementação de políticas de nutrição.

Portugal é o único de 17 países europeus a ter uma abordagem totalmente abrangente na implementação de políticas de nutrição, de acordo com o Nourishing Framework – uma ferramenta de avaliação de políticas para promover a alimentação saudável e reduzir a obesidade do World Cancer Research Fund International.

O reconhecimento do país no âmbito das boas práticas em políticas alimentares e nutricionais aconteceu no Simpósio Europeu de Políticas na área da Prevenção das Doenças Crónicas, que decorreu em junho, em Bruxelas.

No segundo dia do simpósio foi apresentado um estudo que analisou 17 países europeus e destacou Portugal em três grandes áreas de atuação: ambiente alimentar, comunicação para a mudança de hábitos e sistema alimentar. Os resultados apresentados identificam um claro progresso de Portugal no que diz respeito a políticas de nutrição.

De acordo com o Healthy Food Environment Policy Index (Food-EPI), Portugal destaca-se também pela positiva, a par da Noruega e da Finlândia, num conjunto de 11 países europeus (Estónia, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Noruega, Polónia, Portugal, Eslovénia e Espanha).

O Food-EPI é uma ferramenta desenvolvida para avaliar o grau de implementação de políticas públicas com impacto no ambiente alimentar e para identificar e priorizar as ações necessárias à criação de ambientes alimentares saudáveis.

Durante o simpósio, foram também identificadas algumas das melhores práticas em Portugal na área das políticas de nutrição, das quais se destacam a limitação de produtos pouco saudáveis em máquinas de venda automática, a criação de um imposto especial para os refrigerantes e a implementação de restrições na publicidade alimentar direcionada a crianças com menos de 16 anos.

A diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde, Maria João Gregório, considera ser “muito positivo ver o reconhecimento internacional de que Portugal está a fazer um bom trabalho nas políticas alimentares e nutricionais”, acrescentando que “apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer, muito já foi feito”.

Portugal, em 2024, continua a destacar-se pela implementação de políticas públicas inovadoras e eficazes no combate à má nutrição e promoção de uma alimentação saudável. Graças a uma combinação de iniciativas governamentais e parcerias com instituições de saúde e educação, o país tem alcançado progressos notáveis na melhoria dos hábitos alimentares da população e na luta contra problemas como a obesidade e as doenças relacionadas com a alimentação.

❇️  Excesso de peso ainda atinge uma em cada três crianças em Portugal.

Políticas de nutrição e saúde pública

Nos últimos anos, Portugal tem dado passos importantes na formulação de políticas de nutrição que visam melhorar a saúde da população, reduzindo os riscos associados a uma alimentação desequilibrada. Entre as medidas mais reconhecidas, destacam-se:

  • Proibição de publicidade alimentar direcionada a crianças para produtos com elevados níveis de açúcar, sal e gorduras saturadas.
  • A implementação de rótulos nutricionais em produtos alimentares, permitindo que os consumidores façam escolhas mais informadas.
  • A promoção de alimentação saudável em escolas, com a introdução de refeições equilibradas e educativas para as crianças desde a idade precoce.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), Portugal está entre os países europeus que mais avançaram na criação de ambientes alimentares mais saudáveis, especialmente nas escolas e espaços públicos.

Redução da obesidade infantil

Um dos grandes sucessos destas políticas foi a significativa redução da obesidade infantil. De acordo com dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a taxa de obesidade infantil em Portugal caiu de 15,3% para 13,9% entre 2020 e 2023, graças às várias intervenções a nível escolar e familiar. Este resultado coloca Portugal como um dos países que mais conseguiram baixar a prevalência da obesidade infantil na Europa.

Iniciativas comunitárias e segurança alimentar

Outro fator que coloca Portugal como um exemplo a nível internacional é o investimento em iniciativas comunitárias de segurança alimentar. Em 2024, o governo e diversas organizações não governamentais continuam a trabalhar juntas para garantir o acesso a alimentos nutritivos e acessíveis a todos os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis. Programas como os bancos alimentares e as hortas comunitárias têm tido um impacto direto na melhoria da qualidade alimentar das famílias de baixos rendimentos.

Desafios para 2024

Embora os avanços sejam significativos, Portugal ainda enfrenta desafios consideráveis na área da nutrição. Estima-se que cerca de 56% da população adulta tenha excesso de peso, e a hipertensão arterial e as doenças cardiovasculares continuam a ser das principais causas de morte no país. Assim, para 2024, o governo português planeia reforçar as campanhas de sensibilização para a importância de uma alimentação equilibrada e continuar a trabalhar em estreita colaboração com os setores de saúde e educação para consolidar os ganhos obtidos.

❇️  Pequenas mudanças para melhorar hábitos alimentares.

Perspetivas futuras

Com as políticas implementadas, Portugal não só melhora a saúde dos seus cidadãos, mas também contribui para um sistema de saúde mais sustentável, evitando os elevados custos associados ao tratamento de doenças crónicas relacionadas com a má alimentação. O reconhecimento internacional das suas políticas de nutrição em 2024 reflete o compromisso do país em continuar a promover uma alimentação saudável e em garantir que todos os seus cidadãos tenham acesso a uma dieta equilibrada e nutritiva.

Este caminho é visto como essencial para o bem-estar das futuras gerações e para a sustentabilidade do sistema de saúde português, que, através de políticas eficazes e inovações contínuas, se mantém na vanguarda da saúde pública europeia.

Portugal tem vindo a ser reconhecido não só pela qualidade das suas políticas de nutrição, mas também pela abordagem inovadora e sustentável na criação de hábitos alimentares saudáveis. Existem alguns factos interessantes que destacam a posição do país nesta área:

  1. A liderança na redução do consumo de sal: Portugal foi pioneiro na adoção de medidas para reduzir o teor de sal em alimentos processados. Graças a estas políticas, entre 2015 e 2023, o consumo médio de sal por pessoa diminuiu em cerca de 12%, ajudando a reduzir os casos de hipertensão e doenças cardiovasculares no país.
  2. O impacto nas refeições escolares: Com a implementação de refeições mais saudáveis nas escolas, foi possível aumentar o consumo de frutas e vegetais em 20% entre as crianças do ensino básico. Isso não só contribuiu para a redução da obesidade infantil, mas também fomentou hábitos alimentares mais saudáveis desde tenra idade.
  3. Portugal como exemplo em rotulagem nutricional: Portugal está entre os primeiros países da União Europeia a adotar a rotulagem nutricional simplificada, facilitando a escolha de alimentos saudáveis para os consumidores. Este sistema foi reconhecido internacionalmente como uma prática de excelência em 2024.
❇️  Programa para a Promoção da Alimentação Saudável em consulta pública.

Esses dados mostram que o investimento nas políticas de nutrição não só melhora a saúde da população, mas também posiciona Portugal como um líder global na promoção de uma alimentação equilibrada e na luta contra doenças crónicas relacionadas com a dieta.

Desafios nas Políticas de Nutrição em Portugal

Apesar dos avanços significativos que Portugal tem feito na implementação de políticas de nutrição e na promoção de hábitos alimentares saudáveis, existem algumas limitações e desafios que ainda precisam ser enfrentados.

Um dos principais problemas é o acesso desigual a alimentos saudáveis. Em várias regiões do país, especialmente em áreas urbanas com baixos rendimentos, o acesso a produtos frescos e nutritivos muitas vezes é limitado. Isso cria dificuldades adicionais para as famílias de baixos rendimentos, que podem não ter a capacidade financeira para adquirir alimentos de qualidade.

Além disso, embora novas regulamentações relacionadas à alimentação escolar e ao setor de restauração tenham sido introduzidas, a sua implementação e monitorização muitas vezes não são adequadas. Como resultado, algumas instituições podem não seguir os padrões estabelecidos, comprometendo a eficácia dessas iniciativas.

Outro desafio a considerar são as barreiras culturais. A transição para hábitos alimentares mais saudáveis pode colidir com as preferências tradicionais da população. Muitas pessoas podem resistir a modificar receitas familiares, mesmo que essas receitas sejam menos saudáveis.

Apesar da existência de programas educativos sobre nutrição, a consciência da população sobre a importância de uma alimentação equilibrada ainda é insuficiente. A falta de conhecimento e compreensão pode impedir que as pessoas tomem decisões alimentares mais saudáveis.

Por fim, a sustentabilidade das normas implementadas requer apoio financeiro contínuo e vontade política. Sem estratégias e planos a longo prazo, os esforços em políticas de nutrição podem não ser suficientes para alcançar os objetivos desejados.

Esses fatores ressaltam a necessidade de continuar a trabalhar nas políticas de nutrição e saúde em Portugal, garantindo acesso igualitário a alimentos saudáveis e melhorando a conscientização da população sobre a alimentação.