Pode a Europa uniformizar a forma como lida com as infeções hospitalares?

Pode a Europa uniformizar a forma como lida com as infeções hospitalares?

Ao contrário do que acontece noutros domínios, a higiene nos hospitais e a prevenção de Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) não se encontram reguladas por nenhum normativo europeu. A Medica Magazine falou com Alex Friedrich, diretor do EurSafety Health Net, um projeto delineado para evitar que os agentes patogénicos se transformem num problema transfronteiriço, que explicou a sua experiência na Holanda, país tido como modelo na prevenção das IACS.

A Holanda tem muito menos casos de IACS causadas por bactérias multirresistentes, o que se deve não só ao facto de a administração de antibióticos ser menos frequente do que acontece noutros países mas também ao facto de a abordagem na prevenção da infeção ser mais direcionada. Uma abordagem diferente no diagnóstico microbiológico faz com que as equipas médicas saibam exatamente quais os passos que devem seguir e que, muitas vezes, consigam detetar agentes patogénicos antes que estes se tornem num problema real.

Os profissionais conseguem, através destes métodos, identificar os portadores e, deste modo, prevenir a transmissão de bactérias multirresistentes. Por outro lado, esta abordagem permite administrar, de imediato, o adequado tratamento a doentes que fiquem infetados. Há países onde o procedimento habitual é experimentar um antibiótico e depois mudar, caso o primeiro não resulte, mas nessa altura poderá já ser demasiado tarde, alerta o especialista.

❇️  Plano de Ação europeu para combater a resistência aos antimicrobianos.

Este grau de monitorização consegue-se com recurso frequente a testes de diagnóstico microbiológico em amostras de urina, em feridas infetadas ou quando o doente está numa unidade de cuidados intensivos.

O projeto EurSafety Health Net

Friedrich sabe que a disparidade na resistência aos antibióticos entre a Holanda e os outros países europeus dificulta a prestação de cuidados transfronteiriços, ou seja, quando um holandês visita um hospital alemão é exposto a um risco maior. Em sentido inverso, quando um paciente alemão é admitido num hospital holandês, é sujeito a isolamento profilático, o que é desagradável para os doentes. Para contornar esta situação, foram criadas redes de colaboração entre a Alemanha e a Holanda e também entre a Alemanha e a Bélgica.

Os especialistas que trabalham no projeto EurSafety Health Net – microbiologistas, especialistas em doenças infecciosas e departamentos de Saúde Pública – montaram uma rede que neste momento abarca 117 hospitais e mais de 300 residências sénior. O seu trabalho consiste em persuadir as unidades de saúde a aderir a determinados regulamentos comuns com o objetivo de prevenir a dispersão de agentes patogénicos. Se as unidades obedecerem às diretrizes impostas, recebem um selo de qualidade EurSafety, atribuído pelas autoridades holandesas.