Malnutrição afeta cerca de 33 milhões de pessoas na Europa.

Malnutrição afeta cerca de 33 milhões de pessoas na Europa.

A Semana da Sensibilização para a Malnutrição vai decorrer entre os dias 7 e 13 de novembro em Portugal, com o intuito de alertar para a importância na nutrição clínica na qualidade de vida dos doentes malnutridos.

A malnutrição, também conhecida por desnutrição ou nutrição inadequada, define-se pela dificuldade em atingir as necessidades nutricionais diárias através da alimentação e é considerada um problema de saúde pública.

“Esta condição é uma realidade em Portugal, que continua a ser subdiagnosticada e subvalorizada em consequência da falta de informação, sendo fulcral a sensibilização dos profissionais de saúde, dos doentes e cuidadores para esta patologia no nosso país, quer a nível hospitalar e instituições de saúde, quer no ambulatório e domicílio”, defendeu o presidente da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP), Aníbal Marinho.

A APNEP, em conjunto com a Optimal Nutritional Care for All (ONCA) e a European Nutrition for Health Alliance, desenvolveram a Semana da Sensibilização para a Malnutrição em Portugal, que este vai para a sua quarta edição.

De acordo com a associação, estima-se que a malnutrição afete cerca de 33 milhões de pessoas na Europa. Esta ano a iniciativa vai focar-se no tema do “direito humano aos cuidados nutricionais”, integrando as atividades da campanha ONCA internacional.

Esta iniciativa conta com “o apoio institucional do Ministério da Saúde e o apoio científico de sociedades médicas, como a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), a Sociedade Portuguesa de Cirurgia (SPCIR), a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e a Associação Portuguesa de Nutrição (APN)”, afirmou o médico intensivista.

A Semana da Sensibilização para a Malnutrição visa a educação para a identificação e tratamento precoces da malnutrição associada à doença, a educação dos doentes/cuidadores para que possam discutir o seu estado nutricional com o seu profissional de saúde e o aumento da sensibilização para o papel da nutrição clínica na recuperação do doente, através da campanha #malnutriçãozero.

A cerimónia solene desta edição irá decorrer no dia 8 de novembro, pelas 16 horas, no Palácio Nacional de Queluz, e conta com o apoio da Câmara Municipal de Sintra e a presença do presidente da câmara Basílio Horta, do deputado António Lacerda Sales e ainda representantes das entidades nacionais e internacionais envolvidas.

❇️  Obesidade: manual para prestadores de cuidados.

A entrega do 20º Prémio de Nutrição Clínica Fresenius Kabi, que irá premiar e distinguir trabalhos de investigação na área da nutrição clínica, decorrerá no final da cerimónia.

“A malnutrição é reversível através da implementação do rastreio nutricional e da intervenção nutricional, bem como promoção do acesso aos cuidados nutricionais adequados”, concluiu Aníbal Marinho.

Em 2024, a malnutrição continua a ser um problema de saúde pública significativo na Europa, afetando aproximadamente 33 milhões de pessoas, de acordo com as últimas estimativas. Este número reflete a prevalência tanto de desnutrição quanto de sobrepeso, e está intimamente ligado a vários fatores socioeconómicos e de saúde. Entre as populações mais afetadas estão os idosos, crianças e pessoas com doenças crónicas, mas o impacto da malnutrição estende-se a todas as faixas etárias e classes sociais.

Causas da Malnutrição na Europa

A malnutrição pode ocorrer tanto devido à falta de alimentos adequados, o que leva à desnutrição, quanto ao consumo excessivo de alimentos de baixo valor nutricional, o que resulta em sobrepeso e obesidade. Entre as principais causas da malnutrição na Europa estão:

  • Fatores econômicos: A pobreza e a desigualdade de renda limitam o acesso a alimentos saudáveis e de qualidade.
  • Envelhecimento populacional: Com o aumento da longevidade, mais pessoas idosas sofrem de desnutrição, muitas vezes devido ao isolamento, doenças crónicas ou dificuldades em preparar refeições equilibradas.
  • Doenças crónicas: Condições como o cancro, doenças respiratórias e diabetes frequentemente levam à malnutrição, devido à perda de apetite ou à necessidade de dietas restritivas.

Impacto na Saúde

A malnutrição está associada a um aumento na mortalidade e na morbilidade, além de ser um fator que agrava muitas condições de saúde. Pessoas desnutridas têm um sistema imunológico mais fraco, estão mais propensas a infeções e demoram mais a se recuperar de doenças ou cirurgias.

Além disso, a malnutrição está relacionada com:

  • Obesidade e Doenças Cardiovasculares: O sobrepeso, muitas vezes causado por uma dieta rica em calorias, mas pobre em nutrientes, aumenta o risco de doenças cardíacas e derrames.
  • Osteoporose e Fragilidade Óssea: A falta de nutrientes essenciais, como o cálcio e a vitamina D, pode levar a problemas ósseos, especialmente entre idosos.
❇️  Autarquias e DGS promovem hábitos saudáveis.

Estatísticas de 2024

De acordo com os dados mais recentes:

  • Cerca de 10% da população europeia idosa sofre de desnutrição.
  • Estima-se que 1 em cada 4 crianças esteja em risco de obesidade ou excesso de peso, devido ao consumo de alimentos processados e à falta de atividades físicas.
  • A prevalência de doenças relacionadas com a nutrição (diabetes tipo 2, hipertensão, entre outras) continua a aumentar, especialmente nas áreas urbanas.

Gráficos atualizados demonstram a relação direta entre nível de renda e acesso a uma dieta equilibrada, mostrando que as áreas mais pobres sofrem taxas mais elevadas de malnutrição. Além disso, observam-se tendências de aumento na obesidade infantil, que passou de 16% em 2010 para 20% em 2024, um problema crescente que desafia os sistemas de saúde.

Soluções e Iniciativas

Para combater a malnutrição, tanto a nível de desnutrição como de excesso de peso, é essencial uma abordagem multifacetada que inclua:

  • Educação Nutricional: Campanhas de sensibilização são fundamentais para ensinar a população sobre os benefícios de uma alimentação equilibrada e variada.
  • Apoio a Grupos Vulneráveis: Programas de subsídios para alimentos saudáveis, especialmente para idosos e famílias de baixos rendimentos, têm mostrado ser eficazes.
  • Promoção da Atividade Física: Incentivar a prática regular de exercício físico é essencial, especialmente para crianças e jovens, como forma de prevenir a obesidade.

A malnutrição, em todas as suas formas, continua a ser um desafio de saúde pública na Europa, com implicações graves para a qualidade de vida e a sustentabilidade dos sistemas de saúde. A cooperação entre governos, ONGs e o setor privado é crucial para enfrentar esta crise de maneira eficaz, com políticas que promovam o acesso universal a alimentos nutritivos e educação sobre estilos de vida saudáveis.

Por fim, a crescente atenção ao impacto da nutrição na saúde pública oferece uma oportunidade única para melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas, garantindo que ninguém seja deixado para trás devido à falta de alimentos saudáveis ou à incapacidade de mantê-los no seu dia a dia.

❇️  Universidade do Porto premiada no âmbito dos Food and Nutrition Awards.

A pandemia da COVID-19 teve um impacto devastador sobre a segurança alimentar, particularmente nas regiões da Europa e da Ásia Central. Mais de 14 milhões de pessoas passaram a viver com insegurança alimentar moderada ou grave, uma situação alarmante para áreas que anteriormente eram conhecidas por índices relativamente baixos de carência alimentar e subnutrição. Atualmente, essas regiões abrigam cerca de 111 milhões de pessoas que não têm o suficiente para comer.

Este aumento da insegurança alimentar foi causado por uma combinação de fatores relacionados à pandemia, incluindo:

  • Interrupções na cadeia de abastecimento alimentar, que dificultaram o transporte e a distribuição de alimentos essenciais, especialmente em áreas rurais.
  • Perdas de emprego e reduções nos rendimentos das famílias, o que afetou a capacidade de comprar alimentos, especialmente para os mais vulneráveis.
  • Inflação alimentar, que aumentou os preços dos alimentos, tornando-os inacessíveis para muitas famílias que já viviam perto do limite da pobreza.

A situação é particularmente grave entre grupos vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas em situação de desemprego, que são os mais afetados pelas consequências económicas da pandemia. Esse aumento na insegurança alimentar reflete uma inversão de progresso em termos de combate à fome, uma vez que, antes da pandemia, essas regiões registravam melhorias significativas.

Perspetivas Futuras e Medidas Necessárias

Para mitigar os efeitos da crise alimentar, governos e organizações internacionais precisam trabalhar em soluções que incluam:

  1. Políticas de segurança alimentar: É necessário reforçar as redes de segurança social, como programas de distribuição de alimentos e apoio financeiro às famílias mais necessitadas.
  2. Reativação económica: Criar empregos e estabilizar o mercado de trabalho são medidas cruciais para garantir que as pessoas possam retomar a sua capacidade de compra de alimentos.
  3. Agricultura sustentável: Investimentos em sistemas alimentares resilientes podem ajudar a evitar futuras crises, promovendo uma produção de alimentos que seja menos suscetível a choques económicos ou sanitários.

O impacto duradouro da pandemia sublinha a importância de fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares e sociais para proteger as populações mais vulneráveis de futuras crises de insegurança alimentar.