Excesso de peso ainda atinge uma em cada três crianças em Portugal.
As prevalências de excesso de peso e obesidade infantil baixaram em todas as regiões do país entre 2008 e 2019, mas este problema ainda atinge uma em cada três crianças em Portugal, segundo um estudo divulgado a 19 de outubro.
Neste período, verificou-se uma redução de 8,2 pontos percentuais na prevalência de excesso de peso em crianças dos seis aos oito anos (de 37,9 por cento em 2008 para 29,7 por cento em 2019) e de 3,3 por cento na obesidade infantil (de 15,3 por cento para 11,9 por cento, respetivamente), segundo o estudo COSI Portugal, sistema de vigilância nutricional infantil integrado no estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative da OMS/Europa, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Os dados mais recentes da 5.ª ronda do COSI, que confirmam a tendência da diminuição da prevalência deste problema em Portugal, foram apresentados na primeira “Conferência do Centro Colaborativo da Organização Mundial de Saúde em Nutrição e Obesidade Infantil”, que visa assinalar cinco anos de colaboração do INSA com a OMS.
“Desde 2008 temos vindo a mostrar uma tendência invertida na prevalência e excesso de peso e obesidade infantil em todas as regiões”, disse à agência Lusa a investigadora do INSA Ana Rito, que também é coordenadora do estudo que envolve 44 países e que estuda mais de meio milhão de crianças a cada três anos.
Ana Rito observou que, na primeira ronda do estudo em 2008, Portugal era o segundo país com maior prevalência de excesso de peso e obesidade infantil e agora “está exatamente na média europeia”.
“Foi um progresso absolutamente positivo e naturalmente o país está de parabéns, mas continuamos com uma em cada três crianças a sofrer deste problema de excesso de peso” que rapidamente pode progredir para obesidade, alertou.
Segundo o estudo, os Açores (35,9 por cento), a Madeira (31,7 por cento) e o Norte (31,3 por cento) foram as regiões que apresentaram maiores prevalências de excesso de peso e o Algarve a menor (21,8 por cento).
As maiores prevalências de obesidade infantil foram observadas nas regiões dos Açores (17,9 por cento), Madeira (13,7 por cento), Centro (13,4 por cento) e Norte (12,3 por cento) e a menor no Alentejo (9,6 por cento).
A prevalência do excesso de peso e a obesidade infantil é mais prevalente nos rapazes (29,6 por cento – 13,2 por cento) do que nas raparigas (29,7 por cento – 10,6 por cento), respetivamente.
Tal como verificado nas rondas anteriores, a prevalência de obesidade infantil aumenta com a idade, atingindo 15,7 por cento das crianças de 8 anos, incluindo 4,9 por cento de obesidade severa, e 10,7 por cento das crianças com seis anos, 2,6 por cento das quais com obesidade severa.
Relativamente à prevalência de baixo peso, os dados indicam que “se tem mantido sem expressão e constante nos últimos oito anos, apesar da grave crise económica vivida em Portugal nesta década”.
O estudo afirma que a “evolução positiva [de Portugal], e ainda pouco frequente em outras regiões internacionais, pode resultar de várias iniciativas conduzidas pelo Estado Português, pelos profissionais do Serviço Nacional de Saúde e partes interessadas nesta matéria”.
O COSI Portugal envolveu 8.845 crianças de 228 escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico, no ano letivo 2018/2019, a maior amostra de todas as fases decorridas até ao momento.
“Foram mais de oito mil famílias portuguesas convidadas a participar neste estudo que tem servido para o desenvolvimento de políticas nacionais e regionais”, disse Ana Rito, exemplificando que a taxa aplicada aos refrigerantes teve como suporte os dados do COSI que fazem “uma fotografia grande” das variáveis ao nível do consumo alimentar infantil, da prática de atividade física e de outras variáveis relacionadas com o ambiente familiar e escolar.