Higienização Hospitalar – Vantagens da Desinfeção e Biodescontaminação

O conceito de limpeza e higienização a nível hospitalar visa, sobretudo, manter o ambiente agradável e seguro, tanto para os profissionais de saúde como para os doentes, contribuindo para a redução da carga microbiana presente nas superfícies, diminuindo o risco de transmissão de infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS).
Uma boa higienização, porém, não é uma atividade isolada. Antes deve ser entendida como um conjunto de práticas que concorrem para o objetivo de garantir um ambiente limpo e livre de potenciais agentes contaminantes. Deve remover das superfícies e pavimentos os materiais indesejáveis, tais como matéria orgânica ou resíduos de produtos químicos e microrganismos, a um nível tal que os resíduos que persistirem não representem qualquer perigo para a qualidade e segurança do doente /profissional.
Apesar disso, e devido a uma série de fatores que muitas vezes não conseguimos controlar, frequentemente ficamos com alguns locais dentro dos hospitais contaminados ou infetados, que obriga ao recurso a outros métodos de atuação.
A desinfeção por rotina não é aconselhada, já que altera o equilíbrio entre o ambiente e os microrganismos. Na realidade, de acordo com alguns estudos, uma boa limpeza e higienização remove cerca de 80 - 85 % dos microrganismos presentes. Se aplicarmos um desinfetante após a limpeza, esta percentagem pode subir para os 90 - 95 % dos microrganismos.
Então, que fazer para eliminar os restantes? Nestes casos, podemos recorrer a Desinfeções e, ou biodescontaminações.
A desinfeção pode ser feita utilizando produtos químicos adequados, nomeadamente à base de fenóis, amónios quaternários, álcoois, etc.
Estas soluções podem ser aplicadas, de um modo geral, em todas as áreas hospitalares, conseguindo-se bons resultados, pois possuem um amplo espetro de ação, nomeadamente contra bactérias, fungos, vírus, etc. São de fácil utilização e não implicam a indisponibilidade dos espaços por um grande período de tempo.
Contudo, algumas estirpes de bactérias multirresistentes e que se propagam por esporos não são eliminadas.
É aqui que entra o processo da biodescontaminação
Existem vários métodos para o efeito mas, neste artigo, abordaremos apenas a biodescontaminação por nebulização de peróxido de hidrogénio e a biodescontaminação por radiação ultra violeta (UV-C).
No caso da nebulização com peróxido de hidrogénio, utiliza-se uma concentração que pode variar entre os 3 e os 19%, consoante o nível de descontaminação necessário. Neste método, que obriga ao isolamento do espaço sob intervenção, após a nebulização deve-se aguardar cerca de 90 minutos para se poder voltar a utilizar o espaço.

Imagem 1: exemplo de aparelho de desinfeção por nebulização
De salientar que se trata de um processo livre de resíduos, que permite, após o período de atuação, a utilização imediata das áreas descontaminadas.
Este procedimento tem maior eficácia no controlo e redução de microrganismos patogénicos multirresistentes, quando comparada com a higienização convencional dos espaços, sendo prático, evitando a remoção de cortinas e permitindo a descontaminação de equipamento médico e/ou eletrónico.
Assim sendo, reduz-se o risco de infeções e contaminações cruzadas e, consequentemente, melhora-se a qualidade de serviços prestados aos utilizadores, verificando-se o decréscimo no tempo de inatividade das zonas tratadas, aumentando a produtividade do serviço.
Num outro exemplo, atualmente está também a ser disponibilizada uma solução de desinfeção para instalações hospitalares utilizando a radiação ultravioleta (UV-C), emitida por lâmpadas especiais, que podem ser fixas ou móveis, neste caso acopladas a robots autónomos. A radiação UV-C emitida permite eliminar agentes patogénicos como bactérias, fungos e vírus em pouco tempo – num teste realizado pela Universidade de Boston, concluiu-se que uma dose de radiação UV de 5mJ/cm² permitiu inativar 99% do vírus SARS-CoV-2 numa superfície com um tempo de exposição de apenas 6 segundos. Com base nestes dados, extrapolou-se que uma dose de 22mJ/cm², durante 25 segundos, permitiria alcançar uma redução de 99,9999%. Neste estudo foram utilizadas soluções da Signify.

Imagens 2 e 3: exemplo de soluções fixas de desinfecção UV-C

Imagem 4: exemplo robots autónomos de desinfecção por UV-C
A radiação UV-C é capaz de quebrar o DNA e o RNA de bactérias, vírus e esporos, tornando-os inofensivos, sendo que, até à data, não há conhecimento de qualquer vírus ou bactéria que se tenha mostrado imune a este tipo de método.
As maiores vantagens da utilização deste tipo de equipamentos na desinfeção são:
- Redução dos riscos de contaminação tanto para os profissionais de saúde como para os doentes.
- Criação, nos utilizadores das instalações, de um sentimento de proteção e segurança.
- Redução da utilização de produtos químicos, sendo, portanto, mais amigo do ambiente.
A utilização de qualquer um destes processos de desinfeção/biodescontaminação é diretamente proporcional à segurança que confere aos doentes e profissionais pela inerente redução na exposição a agentes potencialmente infeciosos.
A observação, por parte dos doentes, das melhores condições de higiene e limpeza dos hospitais é reconhecida como um fator de satisfação, traduzindo uma perceção de confiança ajudando muitas vezes na sua recuperação.
Mas, numa altura em que somos particularmente afetados por uma pandemia, num mundo em que a disseminação de doenças é cada vez mais rápida e frequente, é importante que os responsáveis de cada instalação reflitam sobre a conveniência de implementar rotinas de biodescontaminação, mais ou menos intensas, conforme as particularidades e necessidades de cada um.
Engenheiro
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